Por décadas, a academia tem voltado seu olhar para o estudo do patrimônio em suas diferentes “roupagens”: material, imaterial, natural, entre outros. Mas, esse olhar é visto, em muitos estudos, sob uma lente eurocêntrica. Não descartando a importância de autores reconhecidos, nem da origem histórica com marcas europeias de muitos desses patrimônios, porém alguns pontos merecem ser inseridos na equação desses estudos.
Entendendo que estamos no Brasil, na América Latina, é importante que a nossa visão também abranja esse contexto sócio-econômico, político e cultural, bem como nas nossas leituras conheçamos autoras e autores fora do eixo americano-europeu. Também escutar vozes que não se encontram na formalidade da academia, mas que têm muito conteúdo em seus saberes e fazeres, enriquece os diferentes debates patrimoniais.
Encontrar diferentes perspectivas, conhecer movimentos diversos, ouvir quem por muito tempo foi silenciado e, assim, buscar um pensamento decolonial, amplia a compreensão dos patrimônios integrados aos seus contextos locais e em diálogo com a população. Uma via de mão dupla que tem o potencial de remover as barreiras acadêmicas, em um movimento de soma, de troca e de construção que só tem a contribuir com a valorização do patrimônio.
Por Marina Leitão Damin
Doutora e Mestre em Memória Social pela Unirio