Desde o ano passado, com a pandemia causada pelo Covid19, tivemos que nos reinventar de inúmeras formas, tanto no que se refere à nossa vida social quanto à profissional. Muitos tiveram que resistir para continuar a existir. E foi assim também com quem trabalha com cultura.
Foi a partir deste olhar que a organização da Semana Fluminense do Patrimônio trouxe para a 11.ª edição do evento o tema central “A cultura como resistência”. Este tema norteou tanto as discussões das mesas de Abertura e do Encontro do Patrimônio Fluminense, como a criação de dois novos quadros: “Resistência do Fazer na Cultura”, com depoimentos de artistas, artesãos e grupos culturais relatando como a pandemia afetou sua arte e “Cultura e resistência na pesquisa”, com depoimentos de pesquisadores sobre o impacto do momento atual em suas pesquisas.
No evento de Abertura, no dia 09 de agosto, a mesa “Cultura e Resistência” trouxe reflexões sobre o tema central: a necessidade de participação da sociedade e da universidade para a resistência e fortalecimento do patrimônio cultural e da cultura de uma forma ampla; a importância das organizações, fóruns e do envolvimento dos indivíduos em prol da nossa cultura; e algumas ações e estratégias desenvolvidas nesse período.
Nos dias subsequentes, entre 10 e 12 de agosto, aconteceu a 11.ª edição do Encontro do Patrimônio Fluminense, evento que tem a finalidade de aprofundar as discussões sobre o tema escolhido deste ano.
No primeiro dia do Encontro, tivemos a mesa “Economia da cultura: como resistir?”. Na área do teatro, vimos algumas das dificuldades que os profissionais passaram, as alternativas encontradas para sobreviver e como a solidariedade foi fundamental neste momento. Pudemos conhecer também o trabalho da Rede Madureira Criativa que dentre suas atividades tem como objetivo orientar e capacitar artistas e grupos culturais para que consigam ter acesso aos editais e realizar suas atividades culturais.
No segundo dia, na mesa “A resistência das religiões de matriz africana” conhecemos alguns casos de resistência na cultura afro-brasileira, a luta contra a intolerância religiosa, o respeito às diversas tradições religiosas e as ações desenvolvidas que valorizam o pertencimento, o sagrado e a riqueza cultural afro-brasileira.
Por fim, no último dia do Encontro, a mesa “Resistência e preservação: a luta pela memória” trouxe para o debate os relatos de comunidades que através da resistência e muitas vezes, de confronto, conseguiram não só preservar suas memórias como se manter no território onde nasceram e vivem.
O evento contou também com apresentações culturais de grupos que fizeram parte de outras edições da SFP, a Mostra de Filmes “Memória em Movimento” com exibição de curtas-metragens e o resultado da Mostra Cultural de Fotografia e Poesia “Olhares sobre o Patrimônio Fluminense”.
Confira como foi o evento:
09/08 – Abertura da Semana Fluminense do Patrimônio
10/08 – Encontro do Patrimônio Fluminense – 1.º Dia
11/08 – Encontro do Patrimônio Fluminense – 2.º Dia
12/08 – Encontro do Patrimônio Fluminense – 3.º Dia
Instituições, organizações da sociedade civil, produtores, grupos culturais e membros da sociedade podem integrar o calendário da 11ª Semana Fluminense do Patrimônio inscrevendo seu evento por adesão até o dia 20 de outubro. Saiba mais em: http://www.patrimoniofluminense.rj.gov.br/?page_id=3839.
Maria Rosa Correia
Mestre em Memória Social e Produtora Cultural, faz parte
da organização da Semana Fluminense do Patrimônio desde sua primeira edição.