O Campus da Fiocruz Manguinhos foi objeto de duas investigações arqueológicas durante o primeiro semestre de 2021.
No início do ano uma pesquisa acadêmica foi conduzida pela arqueóloga Marina Coppoli Dias de Miranda, mestranda do Museu Nacional, sob coordenação de seu orientador o Dr. Marcos André Torres de Souza (MN/UFRJ). A pesquisa concentrou-se no maciço do Pavilhão Rockfeller e seu entorno, o que resultou na dissertação “Um estudo sobre o contato cultural nos séculos XVI e XVII no Sítio Arqueológico de Manguinhos, Fiocruz – RJ” a ser defendida em 2021.
A pesquisadora investigou a preservação das camadas enterradas do sítio Arqueológico de Manguinhos, registrada nos anos de 1960 pela arqueóloga Maria da Conceição Beltrão (MN). Nesse registro original, os materiais encontrados incluíam, conchas, fragmentos de cerâmica indígena e fragmentos de louças e outras cerâmicas históricas. Desde então uma série de monitoramentos arqueológicos no sítio revelaram a predominância de outros objetos como vidros, ossos e materiais construtivos que acompanharam as modificações urbanas da Fiocruz.
A atual pesquisa discutiu a invisibilidade indígena nos contextos urbanos, considerando a interação entre indígenas e europeus, as modificações na paisagem, e como esses contextos podem, ou não, serem preservados e interpretados pela ciência da arqueologia.
Uma outra investigação arqueológica foi conduzida no campus, em cumprimento ao processo de licenciamento ambiental, em razão de uma obra no sistema de coleta de resíduos financiada pelo Governo do Estado e executada Empresa Passarelli. A coordenação das investigações no campus foi realizada pela Scientia Consultoria Científica e revelou artefatos de temporalidades distintas, com destaque para vidraria e material de construção associado a criação e consolidação do antigo instituto.
Como parte dos estudos prévios de avaliação do impacto ao patrimônio cultural pelo empreendimento, foi realizado uma pesquisa sobre o patrimônio imaterial, a partir dos bens acautelados pelo Iphan, no campus e vizinhança, que identificou uma rica gama de ofícios, saberes e formas de expressão vinculadas ao território – Baianas do Acarajé, Capoeira e Literatura de Cordel.
A Casa de Oswaldo Cruz – Fundação Oswaldo Cruz planeja ações com os pesquisadores para divulgar os resultados da pesquisa e espera que novas pesquisas sejam conduzidas no sítio e com suas coleções de artefatos salvaguardados por reconhecer a disciplina como uma importante fonte de conhecimento do território.
Por Ines El-Jaick Andrade,
Renato Kipnis,
Flávia Costa Vieira e
Marina Coppoli Dias de Miranda