O valor da educação patrimonial para a reflexão sobre identidade, memória e patrimônio foi pauta do ciclo de palestras do VII Encontro do Patrimônio Fluminense, realizado na Casa de Cultura Charitas, em Cabo Frio, na última sexta-feira (10/11). Na mesa-redonda mediada pela especialista em Educação Patrimonial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Maria Rosa Correia, os debatedores apresentaram diferentes perspectivas sobre o tema, a partir de ações concretas realizadas em suas instituições e comunidades. “A educação patrimonial é um campo de conscientização, resgate e resistência”, disse Maria Rosa.
Para falar sobre os museus como uma ferramenta de conhecimento e de educação patrimonial, a jornalista e historiadora Flávia Franchini, do Museu de Arte Religiosa e Tradicional (Mart), de Cabo Frio, ligado ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), revelou os desafios para transformar o histórico Convento Nossa Senhora dos Anjos no Mart. “O objetivo da proposta de educação patrimonial do Mart é fazer com que as pessoas entendam que elas próprias são produtoras de elementos e de vestígios que serão utilizados para contar a História. Essa conscientização é fundamental”, explicou. Ainda de acordo com Flávia Franchini, “a educação não é uma fórmula pronta, sempre tem que ser pensada e repensada. O Mart hoje busca mais diálogo e maior interação com a sociedade”.
Coordenador da graduação e pós-graduação em História do campus Cabo Frio da Universidade Estácio de Sá, Paulo Cotias apresentou o projeto Caminhos da História, que leva o público de todas as idades para percorrer monumentos, pontos históricos e ruas do município. “O que nós fazemos já existe em outros lugares do Brasil e do mundo. O objetivo é transformar atrativos históricos, culturais e patrimoniais em possibilidades de arranjos produtivos locais”, disse o professor e pesquisador. Além de pensar o desenvolvimento da região a partir de seu patrimônio histórico, Paulo Cotias também destacou a importância do conhecimento para evitar a degradação e o abandono. “Revitalizar não é conservação, não é apenas pintar um muro. Revitalizar é tornar aquilo vivo de novo, com a participação e ressignificação por parte das pessoas”, comentou.
No encerramento do debate, a professora da Escola Municipal José Pereira Neves Junior, em Búzios, Ana Luiza Barbosa apresentou as suas experiências no campo da educação patrimonial, trabalhando com crianças entre 10 e 13 anos. Com muita criatividade, a professora demonstrou como utiliza a arte e as suas ferramentas no ambiente escolar, para que os alunos reconheçam e valorizem a sua própria história. Entre outros projetos, Ana Luiza utilizou mapas, fotografias antigas e até mesmo um telejornal produzido pelos alunos, com o objetivo de fortalecer seus laços afetivos com as suas comunidades. “Mesmo com todas as limitações e dificuldades da sala de aula, esse tipo de processo educativo é fundamental para estimular o interesse das crianças pela história e pela cultura dos lugares onde nasceram e onde vivem”, afirmou a educadora.