Fazer dos escombros e das cinzas um cenário de reconstrução e aprendizado para o Museu Nacional e a sociedade brasileira. Esta foi a perspectiva que guiou a série de homenagens à instituição científica mais antiga do país na abertura da 8ª Semana Fluminense de Patrimônio (SFP), nesta terça (4/12). Realizado no auditório do Museu Histórico Nacional, no Centro do Rio, o evento reuniu representantes de instituições científicas e culturais do Estado, em torno do tema Memória, cultura e sociedade.
Após comemorar seu bicentenário em 6 de junho deste ano, o Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi devastado por um incêndio em 2 de setembro, que consumiu grande parte de suas coleções científicas. Na rodada de apresentações da abertura da 8ª SFP, o diretor Alexander Kellner, a vice-diretora Cristiana Serejo e a coordenadora da Equipe de Resgate do Museu Nacional, Cláudia Carvalho, apresentaram os desafios e as perspectivas para a reconstrução da instituição. Os debates foram mediados pela pesquisadora e vice-diretora de Pesquisa e Educação da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Magali Romero Sá.
“O Museu Nacional é uma instituição sui generis. Além de seus acervos e exposições, nós fazemos pesquisa e temos uma tremenda capacidade de formar recursos humanos. Isso nos dá a certeza e a garantia que o Museu Nacional será recuperado”, afirmou Alexander Kellner. “A nossa missão é justamente descobrir, interpretar e difundir o conhecimento do mundo natural e das culturas humanas através da pesquisa, formação de recursos humanos e a educação científica. Isso nos é extremamente caro e isso nós não perdemos”, complementou o diretor.
Vice-diretora do Museu Nacional, Cristiana Serejo fez uma contextualização da criação da instituição, com o decreto de D. João VI, em 1818, e destacou a importância do acervo científico e antropológico do museu recolhido ao longo dos últimos 200 anos. De acordo com Serejo, esforços já estão sendo feitos, por meio de parcerias com instituições nacionais e internacionais, para recompor parte do acervo perdido. “As áreas mais afetadas pelo incêndio no Palácio da Quinta da Boa Vista são as coleções de entomologia, etnografia, paleontologia, etimologia, geologia, aracnologia e malacologia”, explicou Cristiana Serejo.
As cooperações e parcerias para a reconstrução do Museu Nacional também foram ressaltadas pela coordenadora da Equipe de Resgate da instituição, Cláudia Carvalho. “Ninguém esquecerá o dia 2 de setembro. Isso vai ficar na nossa memória para sempre”, comentou Claudia, detalhando as ações de resgate do que sobrou do patrimônio do museu. Neste primeiro momento, a instituição cumpre o cronograma de escoramento das estruturas deterioradas. As escavações estão previstas para janeiro ou fevereiro de 2019. “Apesar das perdas, temos a expectativa de encontrar outras peças à medida em que avançarmos nas obras”, disse a arqueóloga, que também é diretora da Casa da Ciência da UFRJ.
Em meio a apresentações de música e poesia, o evento de abertura da 8ª Semana Fluminense de Patrimônio no Museu Histórico Nacional também marcou o lançamento do selo comemorativo aos 200 anos do Museu Nacional e da chamada pública da Mostra de Fotografia, Poesia e Vídeo Olhares sobre o Patrimônio Fluminense. Neste ano, a mostra contará também com as modalidades de poesia falada e vídeos. Para mais informações, acesse www.patrimoniofluminense.rj.gov.br.